Chuva preta, fenômeno atípico que traz fuligem de queimadas, cinzas e compostos químicos
USP
O Brasil vem enfrentando um período longo de queimadas oriundas das regiões da Amazônia e do Centro-Oeste. Com isso, é comum não conseguir ver o horizonte em função do alto índice de poluição provocado pela fumaça. Uma chuva de cor preta caiu em cidades do Rio Grande do Sul, assustando os moradores. O fenômeno é bem mais comum do que se imagina. Antes de ocorrer no Brasil, ela já havia sido registrada no Uruguai e na Argentina.
A chuva preta, como tem sido chamada, acontece quando a fuligem de queimadas, cinzas e a concentração de compostos contaminados na atmosfera se misturam com a umidade e se precipitam sob forma de chuva, alterando a coloração da água, segundo o meteorologista Augusto José Pereira, do Departamento de Climatologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo.
O especialista em Hidrometeorologia explica que esse fenômeno da chuva preta não é a primeira vez que ocorre no Brasil. Evento semelhante já havia sido registrado em agosto de 2019, na última grande queimada registrada na região Centro-Oeste do País.
Menos turva
A expectativa é de chuva na segunda quinzena de setembro na capital paulista e região Sudeste, ou seja, tudo indica que a chuva preta deve chegar também por aqui, mas não deve ser tão turva quanto a registrada na região Sul.
O fenômeno é mais frequente principalmente no Hemisfério Norte, onde a poluição é maior. Já em São Paulo, “a chuva ácida é a mais comum, justamente pela queima de combustíveis fósseis e dos poluentes da indústria”, explica Pereira. Ele alerta que a água preta da chuva não deve ser usada em hipótese alguma para consumo, serve apenas para descarte sanitário. Mesmo estando poluída, ao entrar no solo ela se torna limpa novamente justamente por passar em filtros naturais como terra e folhas.